Cuidado com o "portunhol"
Aprender a língua espanhola requer dedicação e muita atenção a palavras que se assemelham a algumas em português, mas com significados bem diferentes
O Espanhol é o terceiro idioma mais falado no mundo, atrás somente do mandarim (China) e hindi (uma das mais de 400 línguas da Índia). É usado por 330 milhões de pessoas como primeira língua e por outras 100 milhões como segunda. Também é o idioma estrangeiro mais estudado na Europa e nos Estados Unidos e uma das seis línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Brasil é o único país do Mercosul que não fala espanhol. Mas a similaridade do idioma com o português requer atenção, pois gera confusões, embora seja de fácil aprendizado. Segundo Vera Bianchini, coordenadora pedagógica da escola de línguas Fisk, ainda que na escrita certas palavras sejam iguais ou muito parecidas, a pronúncia do brasileiro é muito diferente e possui sons que não são conhecidos pelo nativo hispano-americano. “Algumas pessoas costumam pensar que já conhecem o suficiente e não se dão conta de que estão falando em ‘portunhol’”, diz Vera.
Ela salienta que dedicação é fundamental para o aprendizado de qualquer idioma. Além do curso, é necessário utilizar o tempo fora da escola para aperfeiçoar o que foi aprendido em sala. Das dificuldades do aprendizado do espanhol, as conjugações verbais e a pronúncia são as mais comuns.
Vera dá algumas dicas para quem se aventura na língua de Miguel de Cervantes (autor de “Dom Quixote”):
- Reforçar o conhecimento dos verbos, principalmente os irregulares.
- Continuando sobre os verbos, há diferenças entre o tratamento formal e o informal. No português, usamos o verbo na terceira pessoa tanto para “você’ quanto para “o senhor” ou “a senhora”. Em espanhol, a conjugação muda.
- Cuidado com os falsos cognatos – palavras que se parecem entre duas línguas, mas têm significados bem diferentes. Vera conta, por exemplo, que se um hispano-americano disser que a comida está “exquisita”, está elogiando, e não o contrário.
- Cuidado com a pronúncia. O brasileiro tem dificuldade em produzir o som das letras “t” e “d” seguidos de “e” e “i”. Já em espanhol, não existem os sons das letras “z” (e do nosso “s” entre vogais, que tem o nosso conhecido som de “z” como em “tesoura”).
- Estude o vocabulário de 5 a 10 minutos por vez, 3 ou 4 vezes ao dia. Antes de uma prova, tente memorizar 200 palavras.
- Compreensão auditiva é muito importante. Vera recomenda ‘usar e abusar’ da internet, seja em matérias jornalísticas, ficção ou mesmo piadas, além das salas de bate-papo (com textos ou áudio e vídeo) específicas para o idioma. Tão importante quanto ler em espanhol, é importante ouvir. Em alguns países, fala-se espanhol muito rápido, e a compreensão, para o estrangeiro, só vem com a prática. Outra dica de Vera é, ao assistir um DVD, selecionar o áudio ou as legendas para o espanhol (quando houver a opção, como no caso da maioria dos filmes no mercado atualmente). Para quem tem acesso à tevê paga, há canais da Espanha ou de países e comunidades hispânicos que também devem ser assistidos de vez em quando.
- Praticar conversação todos os dias. Como isso não é possível facilmente, Vera recomenda forçar um pouco a prática combinando com um colega do curso uma conversa pelo menos uma vez por dia, mesmo por telefone. Também é útil, segundo ela, tentar pensar em alguns assuntos em espanhol, e treinar em voz alta mesmo sozinho.
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