14 junho 2011

Ração humana não substitui refeição

Composto deve ser usado como complemento às refeições e com acompanhamento periódico de um nutricionista. Anvisa fez alerta sobre os riscos à saúde

Por Leandro Duarte


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez um alerta sobre os riscos do consumo da chamada ração humana, alegando que o composto não oferece todos os nutrientes necessários para uma alimentação adequada. Ainda de acordo com a nota da entidade, as pessoas que substituem refeições por esse tipo de produto estão colocando a saúde em risco.
A nutricionista esportiva Cristiane Coronel, membro do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), concorda com o posicionamento da Anvisa e diz que não houve exagero algum no alerta. “Existem certos compostos nesse mix que não são adequados para todo tipo de paciente, como o glúten, que pode causar hipersensibilidade, o que acarreta em alergias e distúrbios alimentares, como diarreia e gastroenterite”, explicou a especialista, lembrando que a proteína em questão é uma das primeiras no ranking de causadores de distúrbios alimentares.
Ela entende que a demora do alerta não tem nada a ver com a qualidade do produto. “O grande problema que aconteceu foi que houve um erro de interpretação por parte dos pacientes, ao substituir algumas refeições somente pelas e rações. Muitos achavam que não precisariam comer mais nada no lugar.”
A nutricionista afirma que a ração humana, utilizada de forma adequada, é bastante útil à saúde. “O erro das pessoas tem sido no consumo contínuo. Algumas pessoas podem ter reação a pelo menos um dos diversos compostos da ração. Por isso, sua ingestão deve ser acompanhada mês a mês por um nutricionista”, recomenda.
Cristiane diz que é fundamental o consumidor observar se a ração humana a ser consumida tem o selo da Anvisa e que, assim que a embalagem for aberta, o conteúdo deve ser armazenado num pote e guardado na geladeira, pois composto, geralmente, vem com algumas sementes que vão oxidar se a ração não for bem administrada.
A partir de agora, as empresas não poderão usar no rótulo desses produtos a expressão “ração humana”. No entendimento da Anvisa, o nome pode gerar dúvidas nos consumidores por não indicar a verdadeira natureza e característica do composto.
Além disso, o rótulo e/ou material publicitário do produto não poderão passar a ideia de que trata-se de um produto com propriedades medicamentosas, terapêuticas e relacionadas ao emagrecimento sem solicitar registro na agência. O descumprimento prevê a aplicação de multa de até R$ 1,5 milhão.

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